quarta-feira, 2 de julho de 2014

Inflação desde 1994 faz com que brasileiro precise ganhar cinco vezes mais


De acordo com o Dieese, salário mínimo do
trabalhador deveria ser de R$ 3.079,31 hoje
 para suprir as despesas básicasDaily Mail
Aumento geral de preços foi de 362% nos últimos 20 anos (desde o início do Plano Real).
O Plano Real, programa brasileiro que estabilizou a economia do País, já tem 20 anos. Nesse período (julho de 1994 a junho de 2014), a inflação nacional atingiu 362%, segundo cálculos do economista da ACSP (Associação Comercial de São Paulo) Marcel Solimeo.

Um exemplo desse aumento de preço é um dos itens mais presentes na mesa do brasileiro, o frango. Em 1994, 1 kg de frango custava R$ 1. Atualmente, 1 kg de frango é vendido em média por R$ 4,76 em São Paulo, segundo a última pesquisa da cesta básica da Fundação Procon-SP, referente a maio.

Para se ter uma ideia do aumento de custo para o consumidor no período. Em julho de 1994, o salário mínimo era de R$ 64,79, mas o necessário para suprir as despesas básicas do trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência era de R$ 590,33.

Hoje, apesar de a renda ter subido e o salário mínimo ter chegado a R$ 724, as pessoas precisariam ganhar em maio (mais recente dado) deste ano R$ 3.079,31 para suprir essas despesas, ou seja, cinco vezes mais do que em 1994.

Consumidores temiam o remarcador de preços na época da hiperinflação Os dados acima são da pesquisa da cesta básica de alimentos realizada mensalmente pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) com base no custo apurado para a cidade de São Paulo.

Além disso, alguns serviços subiram mais do que a inflação nesses 20 anos.

O coordenador do curso de administração do Ibmec/MG e doutor em administração, Eduardo Coutinho, dá o exemplo da energia elétrica residencial, que sofreu um aumento de 397%. Outros casos são a moradia e a comunicação (telefonia e internet) que subiram 836% cada um.

— Acontece que, nesses 20 anos do Plano Real, houve crescimento acelerado da renda, proliferação de crédito e aumento do nível de ocupação da mão de obra. Isso pressionou os preços para cima.
 
  Pontos positivos e negativos do Plano Real

A nova moeda brasileira foi instituída no início dos anos 90 com o principal objetivo de controlar o aumento geral de preços no País. Antes do plano, a variação anual média no período de 1980 a 1994, segundo dados do Banco Central, foi de 451,57%. Após ela entrar em circulação, o percentual caiu. Por exemplo, de 1995 a 2003, o índice foi de 9,12%.

O economista da Unesp (Universidade Estadual Paulista) Carlos Alberto Cinquenti explica que “uma diferença do Plano Real em relação aos anteriores é que você tinha um mercado para disciplinar a alta de preços”.

Apesar de atualmente o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), índice oficial da inflação, estar longe dos patamares gigantes da década de 80, a situação preocupa, pois já se soma 6,37% no acumulado entre junho de 2013 e maio deste ano. O índice tem ficado ao redor do teto da meta do governo que é de 6,5%. Com os preços lá em cima, o poder de compra da população diminui.

Carlos Alberto ainda afirma que a responsabilidade fiscal (controle dos gastos) é um outro pilar do Plano Real que está sendo desrespeitado.

— A gente está vendo o crédito sendo liberado de forma lasciva e o governo federal tem tido pouca disciplina fiscal.

Em maio, o esforço fiscal do governo federal, estaduais e municipais para pagar os juros da dívida pública registrou o pior resultado para o mês desde o início da série histórica em dezembro de 2001. No mês, o setor público deixou de poupar R$ 11,046 bilhões. Já o endividamento do País chegou a R$ 1,725 trilhão.

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