terça-feira, 19 de agosto de 2014

Instituições religiosas: como não desperdiçar o dinheiro dos pobres?


A reforma do Papa Francisco continua, convidando as congregações religiosas a serem transparentes na gestão dos bens

O Vaticano publicou este mês os princípios para a administração de recursos ao serviço da caridade. Neste sentido, os institutos de vida consagrada e as sociedades de vida apostólica receberam uma carta circular com as indicações do Papa Francisco com as orientações para a gestão dos bens.

O documento, que exorta a usar o campo da economia como instrumento da ação missionária, leva a assinatura do cardeal João Braz de Aviz, prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada, e do arcebispo José Rodríguez Carballo, secretário do mesmo dicastério.

A poucos passos da Basílica de São Pedro e por apenas dois euros é possível adquirir o documento de orientação que aconselha os consagrados a colaborar com técnicos e leigos profissionais em economia, fiscalização e direito, entre outras novidades.

A carta foi publicada pela Livraria Editora Vaticana e é o documento de preparação para a celebração do Ano da Vida Consagrada, que começará no próximo dia 30 de novembro e se estenderá até o dia 2 de fevereiro de 2016.

Porque, a quem muito se deu, muito se exigirá.

Quanto mais se confiar a alguém, dele mais se há de exigir. (Lc 12, 48)

Uma fonte do Vaticano revelou que este é um documento essencial para todas as comunidades e reflete as novas disposições do Papa Francisco em matéria econômica.

Três são os pontos principais: gestão dos bens, colaboração com a Igreja local e formação. Vejamos cada um deles:

Gestão dos bens

O documento pede fidelidade ao carisma, mas ao mesmo tempo convida a buscar a caridade evangélica como objetivo comum. Orienta a organizar as obras por prioridades, fazer planejamento, orçamento e balanço, controlar a gestão, preparar planos plurianuais, considerar a sustentabilidade e criar estruturas de fácil gestão.

Colaboração com a Igreja local

Como ponto importante das novas disposições, o documento sublinha o diálogo entre a Igreja local, os institutos e os assessores em situações muito concretas: fechamento de casas ou obras, alienação de bens, conservação de uma presença religiosa em harmonia com as necessidades da cidade e da diocese.

Uma novidade importante é que o documento garante que é quase impossível prescindir da colaboração com técnicos, leigos e membros de outros institutos. Isso robustece a exigência de formar a Igreja não somente com padres e consagrados, mas também com leigos preparados e dispostos para o serviço comum.

Isso implica aspectos mais complexos, como resolver problemas legais, econômicos, fiscais, e assessoria para gastar eficazmente o dinheiro.

Formação

O documento também defende uma formação econômica para garantir opções missionárias inovadoras e proféticas. Confiar a uma só pessoa – por exemplo, o ecônomo da instituição – a responsabilidade exclusiva gerou um desinteresse pela economia dentro das comunidades.

Isso acabou gerando uma perda do contato com os custos da vida e os cansaços que a gestão supõe. Da mesma maneira, lamenta-se uma falta de formação dos ecônomos para acompanhar as novas instâncias.

Por último, o dicastério vaticano confirma que as orientações do Papa Francisco servem para viver evangelicamente a dimensão econômica e impulsionar a missão da Igreja no mundo.

"A Igreja não é uma ONG", disse o Papa no Rio de Janeiro. No entanto, é uma instituição terra que administra hospitais, orfanatos e doações, entre outros recursos. Seu serviço aos mais necessitados requer eficácia e responsabilidade.

Esta sempre foi a concepção de São Vicente de Paulo (1581-1660), santo da caridade, que confirmava que não há caridade que valha sem uma boa organização.

Fonte: aleteia

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