domingo, 1 de fevereiro de 2015

Renan Calheiros é reeleito presidente do Senado

Peemedebista derrotou o colega de partido Luiz Henrique da Silveira para assumir novamente a liderança da casa.

Da redação, com AE.
Renan Calheiros (PMDB-AL) foi reeleito presidente do Senado neste domingo (1º), com 49 votos. Seu companheiro de partido Luiz Henrique da Silveira, de Santa Catarina, recebeu 31 votos.

Calheiros assume mais uma vez a presidência sob o discurso da austeridade e do resgate da imagem da casa legislativa diante do povo, apesar de ser, ele mesmo, alvo de ação de improbidade na Justiça Federal em Brasília.

A vitória apertada foi conseguida por uma diferença de apenas 18 votos. "A disputa agora já é passado e todos os senadores e senadoras ansiamos pelo futuro. Serei o presidente de todos os senadores. Como já demonstrado (na gestão passada), desejo demonstrar meu compromisso com a autonomia do Senado Federal", disse.

Em seu discurso de candidatura, Silveira havia criticado Renan por de se "vergado" ao Palácio do Planalto para obter vantagens políticas, como a indicação de ministros e executivos de estatais. Por isso, afirmou, colocou o tema na sua fala de agradecimento.

Renan também foi criticado pela forma como conduz o Senado, apontada por Silveira como pouco democrática. "Aqui buscamos o consenso até o limite, sem que ele implique na negação de liderança", rebateu Renan, após reeleito. "O entendimento nunca será a supressão da vontade de quem pode menos pela força de quem pode mais. Aqui todos podem mais por sermos todos iguais", disse.

Apesar do tom áspero das respostas, Renan elogiou Silveira "pela correção e espírito publico verificado ao longo da sua trajetória".

Equilíbrio

Renan disse ainda que renova o poder no comando do Congresso Nacional com "vontade de acertar para corresponder ao crédito" que os senadores e senadoras concederam a ele.

O presidente reeleito do Senado recordou que o PMDB "garante a estabilidade" política do governo da presidente Dilma Rousseff e que "trabalhará (também) pela estabilidade econômica". Segundo ele, o PMDB "atua pelo equilíbrio de poder e repele qualquer pender hegemônico".

Ele criticou o "obscurantismo infame nas redes de computadores" ao defender o Estado democrático e defendeu a reforma política como forma de combater os "extremistas que têm desprezo pela democracia".

Último minuto

Dois dias após o 2º turno da eleição de 2014, Renan afirmou: "Eu, sinceramente, não sou candidato (à reeleição). Já fui três vezes presidente do Senado Federal, nós estamos concluindo essa obra e essa decisão (sobre candidatura) é uma decisão que ficará para janeiro". Três meses depois, era considerado favorito para mais um mandato no comando da Casa, condição confirmada hoje.

Na véspera da decisão, ele se dedicou a uma visita ao presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (PSDB-MG), Ouviu dele que o partido já se havia manifestado em favor do candidato rival, o também peemedebista Luiz Henrique (SC). Ao sair, Renan negou que tivesse ido pedir votos e rebateu a acusação do adversário de estar cometendo "atos de desespero".

Em outubro, Renan era um dos raros senadores do PMDB satisfeitos com o resultado das urnas: fez seu primogênito, Renan Filho, governador de Alagoas com apenas 34 anos.

O despiste na declaração de outubro já era parte da estratégia para adiar ao máximo o lançamento da candidatura no Senado. A ideia era repetir a fórmula de ser ungido pelos pares adotada por José Sarney (PMDB-AP) e evitar ser "vidraça" - em setembro, o Estado revelou que Renan foi citado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa em sua delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato.

Depois de se ver forçado, sete anos atrás, a renunciar ao mesmo cargo que ocupa hoje, por ter a pensão de uma filha fora do casamento paga pelo lobista de uma empreiteira, o peemedebista encheu-se de cautela. Para ser reeleito, apostou no discurso de "austeridade" nos gastos e prometeu enxugar a máquina administrativa do Senado - de 2013 para cá, economizou R$ 530 milhões. Mas, por ter usado jatinhos da FAB para fazer um implante capilar e ir ao casamento da filha de um aliado político, Renan é alvo de ação de improbidade na Justiça Federal em Brasília.

Mercadorias

Aliados próximos dizem que o poder de Renan vem de sua capacidade de atender aos pedidos que recebe: desde um gabinete mais amplo ou uma rampa de acessibilidade, até outros mais difíceis, como comandar a aprovação do projeto que permitiu ao governo flexibilizar o cálculo do superávit primário. Como define um colega de bancada, é um "entregador de mercadorias".

Essa característica rende frutos ao senador. Do governo, obtém cargos e, se não é atendido, ameaça dificultar a vida do Planalto - no início de janeiro, ele disse a ministros que, se não pudesse fazer indicações para o segundo escalão, o PMDB no Senado deixaria a base para ser "independente". Dos senadores atendidos, exige fidelidade silenciosa. Com os desafetos, evita deixar as mágoas transparecerem e chega a pedir voto até de quem outrora era tido como inimigo político.

Mas a cinco dias das eleições, o peemedebista viu Luiz Henrique se lançar candidato, ao contrário do que havia feito em 2013, quando abriu mão em favor de Renan. Apoiado pela oposição, e por alguns senadores da base, o catarinense avisou-o de que disputaria a presidência e ainda lhe pediu o voto.


Fonte: http://www.istoe.com.br/reportagens/

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