quarta-feira, 8 de abril de 2015

Dilma inova ao introduzir no Brasil a ‘renúncia branca’, diz Aécio

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) 
Fernando Donasci / Agência O Globo
Além de comentar nomeação de Temer, tucano disse que economia é tocada um ‘interventor’.

POR MARIA LIMA
BRASÍLIA — Após reunião da Executiva nacional em Brasília, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG) considerou que a presidente Dilma Rousseff se rendeu na terça-feira a uma “renúncia branca” ao entregar a articulação política do governo a seu vice Michel Temer. Na reunião administrativa para deflagrar ações para renovação das instâncias partidárias em todo país que vinha tendo um baixo desempenho eleitoral, o PSDB discutiu também a participação do partido nas manifestações de rua, de forma a canalizar os movimentos para uma ação política concreta. Cobrado a participar, Aécio disse que pode comparecer aos atos do próximo domingo como cidadão, mas não quer fazer o anúncio prévio para evitar exploração política e tirar o caráter de movimento popular da organização.

Sobre a mudança do comando político do governo, Aécio disse que a grande pergunta sem resposta hoje é: “Qual o papel que a presidente Dilma representa hoje no governo?”

— Nenhum — responde o próprio Aécio, completando:

— A presidente Dilma introduziu algo novo na política brasileira: a renúncia branca. Há hoje um interventor na Economia tocada pelo ministro Joaquim Levy, que pratica tudo o que ela disse que não faria na campanha. Agora delega a coordenação política a seu vice, a quem desprezou em todo seu primeiro mandato. A presidente já era refém dos presidentes da Câmara e Senado. Portanto acho que seu papel no governo agora é nenhum — criticou Aécio.

Na reunião da Executiva houve uma recomendação majoritária para que as lideranças e militantes do PSDB sejam estimulados a participar das manifestações de domingo, mesmo que elas não sejam do tamanho de 15 de março. Aécio disse que o Planalto vem tentando desmerecer o ato do dia 12, mas o que menos importa agora é o seu tamanho, mas a indignação cada vez mais crescente no seio da sociedade.

— Estou avaliando com muita serenidade. Nada impede que eu resolva ir. Não vou fazer anúncio prévio para não haver exploração. Quem sabe como cidadão eu não resolva ir? — disse Aécio, que deve participar dos atos em São Paulo.

— A tendência é estarmos mais presentes para dar uma substância política a esse movimento, que em algum momento vai desaguar em uma ação política concreta — disse Alberto Goldman, um dos vice-presidentes do PSDB.

Aécio também criticou os anúncios do maior IPCA dos últimos 20 anos, e da disposição do governo de rever as regras do sistema de partilha de exploração do pré-sal. Ao comentar os dois fatos, o tucano disse que o PT se transformou na “maior fraude” da história do Brasil e o responsável por prejuízos que estão levando o País para a maior crise econômica já vivida.

— Eu cansei de alertar sobre as perdas do Brasil com o atual sistema de concessões para exploração desse tesouro que é o pré-sal. Sucateada, a Petrobras perdeu a capacidade de investir e garantir os 30%. Há cinco anos que não consegue leiloar nenhuma área, justamente num momento em que 300 bilhões foram investidos nessa área no mundo. Aqui prevaleceu o viés ideológico. O atual governo inviabilizou a Petrobras como principal exploradora desse tesouro — disse Aécio.

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